terça-feira, 30 de julho de 2013

LIVRARIAS

        Os livros  "Meu Tempo Nosso Tempo", "Jorginho, o menino de ouro", "A Formiga Solitária" e "O Último Em Canto" são encontrados nas seguintes livrarias:
         Catarinense - Florianópolis
         Curitiba - Shopping Estação (Curitiba)
         Diocesana - Lages(SC)
         Clips - Lages(SC)
         Capozi- Bom Jardim(RJ)
         LIC - Cordeiro(RJ)
         Castro Alves - Araruama(RJ)
         Templar - Saquarema(RJ)
         Paraty - Paraty(RJ)
         Guttemberg - São Gonçalo(RJ)
       
         

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A ROSEIRA DA VIDA

             
           
            Uma árvore grandiosa, no meio da grande mata, destacava-se de todas como se fosse a única. Não era uma questão de tamanho mas sim o que o seu brilho reluzia. O realce da Roseira era visto em suas flores. 
           Aquela Roseira tinha uma peculiaridade  que era o grade atrativo. A hipnose que existia estava na diversidade de suas rosas, quando era florida as cores variavam. Via-se flores vermelhas, brancas, amarelas,  azuis e até verde-esperança. 
             Como pode, numa só árvore, principalmente roseira, tantas rosas variar ?  
            Olhar a Roseira da Vida era um deslumbramento espetacular, diante de uma fantástica imagem de alegria colorida  que os dias de sol proporcionavam. 
              No entanto, aquela Roseira, na sua peculiaridade, apresentava no lado oposto da beleza de suas flores gigantescos espinhos capazes de dilacerar e atravessar qualquer carne animal. 
              Para colher uma de suas rosas e desfrutar da alegria de suas cores é necessário ultrapassar os enormes espinhos, guardiões da beleza e do aroma que desinfeta toda a mata.   
               Assim como na Roseira, a vida se releva ao longo dos seus caminhos duvidosos. 
              Aldemir Guimarães

EXPLOSÃO DE EGOS

     
     
        Com o advento da Internet, a sociedade passou a oferecer oportunidade a todos que ao relacionamento tecnológico tem acesso. Até os tímidos deixam de lado sua principal característica para fugir do casulo que o esconde e mostrar-se ao mundo, tal qual ele não é. 
              Como um brinquedo novo na vida adulta, indivíduos revelam-se das formas mais típicas de cada um, causando aos olhares dos navegadores internautas um show de curiosidades e idiotices. O que antes a censura vedava aos olhos da sociedade banalizou-se no mais avançado meio de comunicação da humanidade até aqui, no decorrer da História. É legal (sem lei) ! É maneiro! Tudo pode, porque foge ao controle de qualquer autoridade. 
              Na Internet, cada um é o que se mostra. Tornou-se muito mais fácil a apresentação do indivíduo imaginário. 
                Pela Internet, as imagens refletem egos cinematográficos. Pode-se ser o personagem que bem quiser, como nos filmes que assistimos sonhando em participar na tela. 
                Agora, pela Internet, ser mocinho ou ser bandido e expressar o que bem quiser sobre as particularidades é muito natural. Afinal, é possível produzir qualquer personagem. O Ego se multiplica, gerando conflitos de identidades. 
                   Aldemir Guimarães  

sexta-feira, 19 de julho de 2013

A RUA DO MEDO

               
                  
                   Naquela cidade do século XXI, todos os habitantes desfrutavam de uma vida completamente voltada para o lazer. Em todos os bairros, o que alimentava a noite eram os bares e restaurantes que tinham hora para abrir mas não para fechar. A vontade do freguês em primeiro lugar. 
                   Naquela cidade do século XXI, as ruas pegavam fogo em cada esquina. O acúmulo de lixo era tamanho que a coleta tornou-se insustentável, priorizando as queimadas. As labaredas atingiam os fios deixando a cidade na escuridão, na maioria das ruas e avenidas. Tubulações de gás explodiam, tirando o sono de qualquer prefeito, bem como da imprensa de plantão e de toda a população. 
                   Naquela cidade do século XXI, a energia elétrica não faltava nas baladas e shows graças aos geradores de serviço, sempre aptos para entrarem em funcionamento no bairro da gastronomia. Toda adrenalina mantinha a vida noturna. Os celulares e tablets não eram comprometidos, permitindo a comunicação à distância. O trabalho da polícia passou a ser tão necessário quanto comer feijão com arroz diariamente, ou melhor, noturnamente. Então, como se divertir bebendo e dançando, sem praticar um ato de violência ??? 
                   Naquela cidade do século XXI, o relacionamento na Internet passou de profissional para pessoal, prioritariamente, produzindo afeições e decepções entre encontros e desencontros, amores e desamores. A lucidez tornou-se rara nos atos do  cotidiano estressante, do trabalho produtivo em favor do crescimento econômico na era da globalização. A diversão noturna nos bares, com banheiros masculino e feminino lotados, representava a grande catarse coletiva  porque só os estádios de futebol não satisfaziam mais. 
                     Naquela cidade do século XXI, havia uma rua misteriosa onde ninguém frequentava e que a Prefeitura decidiu lacrar, instalando um portão na entrada com cadeado. Os moradores foram embora da cidade por se sentirem isolados e até ameaçados, vistos como  desajustados sociais, que não participavam da rotina de vida da população em geral. Os habitantes tratavam aquela rua como mal assombrada porque era a única diferente da cidade. À noite, a rua do medo, como ficou conhecida, era totalmente iluminada, não havia fogueira de lixo, mesmo antes quando os moradores lá viviam. Era um silêncio só.
                      Na Rua do Medo, a Prefeitura nunca encontrou problemas como no restante da cidade para resolver. Apenas cobrava os impostos, pagos em dia. 
                     Um certo dia, o mistério acabou. Um menino muito curioso encontrou um jeito de atravessar o grande portão, desafiando os colegas. Ao chegar no outro lado, descobriu o que mantinha aquela rua diferente de toda a cidade. Parou em frente a um casarão, que parecia assombrado, onde sempre viam vultos circulando, e resolveu entrar. Ficou assustado a princípio. Não havia ninguém, nem uma alma vagante. Diante dele, surgiram dezenas de estantes cheias de livros. Era uma Biblioteca abandonada.O menino chamou os colegas e passaram o dia inteiro naquele Casarão assombrado. E voltaram, voltaram e voltaram sempre à Rua do Medo. 
                      Esses meninos inciaram um processo de mudança naquela cidade do século XXI, a partir das horas que passavam naquele Casarão abandonado complementando os estudos das escolas precárias que frequentavam, fortalecendo seus conhecimentos com leituras incansáveis, diante do farto material ali depositado. Aos poucos a Rua do Medo foi reaberta e seus antigos moradores redescobertos. A cidade encontrou uma nova vida. 
                  Aldemir Guimarães 

                                  

terça-feira, 16 de julho de 2013

OS MISERÁVEIS

           
           O turista internacional e o brasileiro conhecem muito bem o drama da seca nordestina, que inclusive inspirou a música divulgada por Luís Gonzaga, " Asa Branca". A seca é miséria nordestina que ultrapassa séculos, como um dos maiores obstáculos à interiorização do Brasil. Também, é um drama vivido pelas emoções de Graciliano Ramos em sua obra literária "Vidas Secas", atuando como uma denúncia à falta de providência humana de quem detém o poder político-administrativo. Por quanto tempo ainda o nordestino viverá  Vidas Secas ? Até quando Deus quiser ? Ou até quando as campanhas eleitorais quiserem ? 
           O povo e a miséria sempre estiveram juntos no cotidiano brasileiro, e assim como a seca nordestina várias condições de miserabilidade servem de suporte para campanhas eleitorais. Uma enchente e seus flagelados morando em barracas de lonas, os favelados de Salvador, de Recife, do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte, de Vitória, de São Paulo, de Manaus, de Belém, de Porto Alegre, de Florianópolis, de Joinville e outras cidades, são exibidos como verdadeiros instrumentos de propaganda eleitoral sob as mais ridículas promessas de solução. A essa altura da exploração da miséria social, não sabemos quem são os miseráveis, se os explorados ou os exploradores, sarcásticos, irônicos e cínicos na exibição da desgraça alheia. Mostra-se a fome, o desabrigo, a epidemia e outras questões sociais como se fossem inéditos nas campanhas eleitorais que vivemos até agora no Pais gigante. A grande diferença é que hoje a  miserabilidade alcançou índices alarmantes em benefício dos poderosos que nunca se preocuparam, enquanto no poder, em reduzi-la à proximidade do índice zero. 
           Será ir longe demais concluirmos que a miséria e o povo precisam permanecerem juntos para que outros miseráveis usufruem dessa situação ? 
           O que é mais antigo em nossa sociedade do que o drama do menor abandonado ? As cidades estão lotadas de menores carentes, produtos das condições miseráveis que descrevemos anteriormente. Por que esses problemas persistem ?  Persistem porque estamos habituados a conviver com conversas fiadas. As mesmas que levam ao poder os que usam o assunto como tema de campanha e depois esquecem de encontrar saída para o drama social. 
             Sabemos que os problemas sociais não podem ser solucionados apenas pela ação de um segmento da sociedade. É preciso uma ação conjunta. Porém, também sabemos que a sociedade se faz representar por órgãos oficializados a quem compete dar o pontapé inicial. Mas isto não acontece, porque não passa das campanhas eleitorais. 
            Presenciamos desde os primórdios um dos fenômenos sociais mais evidentes no cotidiano, que é a violência. A insegurança campeia hoje a vida do cidadão e nos faz refletir sobre como nos defender dos "vermes" sociais. A violência não tem cara única. Ela ramifica-se de tal maneira que veste-se do silêncio para surgir. 
           Tratar da miséria e atender ao desenvolvimento da Educação será a maior contribuição do poder público para uma sociedade sadia, na qual os miseráveis não serão confundidos pela troca de posições. Onde a miserabilidade não se propague tanto através da violência. 
           Não podemos esperar milagres de uma criança que nasce num mocambo, numa favela, e fica ao relento sem os cuidados dos pais e sai às ruas para pedir o que comer, sem matar a fome, sem estudar, e sem a menor condição de saúde. Esperamos sempre as exceções na multidão de miseráveis, que naturalmente passam a ser projetadas perante a sociedade, como um grande exemplo de vencer na vida. Um "pixote" a menos, na Cidade de Deus. 

              Aldemir Guimarães