O burro e a vaca encontraram-se num vago passeio pelo pasto. Foi então que teve início um diálogo cotidiano. Começaram a debater suas naturezas. A vaca, contando sua experiência de tanta maturidade no campo, no dia a dia de sua vida, lamentava: - Eu já não tenho sossego ! Todos os dias encho vários baldes de leite, que são levados para a indústria e transformados em "água branca". Assim começa a conversa.
O burro - interrompendo a vaca - fala: - Eu ainda não me acostumei com o título que me deram ! Pois, sou da família do asno e, no entanto, insistem em me chamar de burro ! O nome que recebo, as vezes me confunde por causa de interpretação inteligente que tiram da minha conduta. Qualquer idiotice que se faça, a pessoa errada é chamada de burro. Eu nunca disse nada , mas isso me fere. Enfim, o que posso fazer senão encarar os fatos de minha natureza desumana ?!
A vaca: - Eu nasci predestinada a sofrer ! Nos meus primeiros dias de vida tive a sensação de ser livre... o pasto campestre esverdeado respirava um ar saudável, cheio de oxigênio... e eu comia a vontade. Hoje, estou aqui, tentando cheirar a relva que não tem o mesmo sabor. Mas, mesmo assim, vejo muito campo para reproduzir... para dar de mim as proteínas de minha carne. Depois do leite que produzo, super-desnatado, exageradamente purificado, a tal ponto que não tem o mel do meu sangue, quando passado pela industrialização (uma palavra que não sei o significado. Você sabe, burro?) Sinto a tristeza de me tornar excesso da exploração. Agora minha carne não dá pra nada . Quem dela come, não se satisfaz...
O burro: - É, minha vaca, isto é fruto da inteligência! Quem sabe um dia, a burrice toma conta do mercado, de forma definitiva. E assim, só assim, eu possa comer da sua carne sem o amargor da inteligência, que absorve a vida do nosso pequeno e conturbado mundo...
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