O caranguejo, um animal que anda para frente e para trás quando melhor lhe convier, nos serve de exemplo nessa caminhada política brasileira, brincando com as leis. Ora a lei é útil, ora torna-se inútil, conforme a evolução interesseira de seus criadores. Ao mesmo tempo que a lei progride, ela regride na mentalidade dos seus mentores.
É surpreendente a notícia sobre o uso do cartão de crédito, quando um projeto passa aprovado pelo Senado derrubando a lei que proibia cobrança diferenciada para quem pagava com dinheiro. Antes dessa lei, há mais de 20 anos, os comerciantes cobravam em média dez por cento a mais a quem pagava com cartão. Para o consumidor, o fim da discriminação foi uma vitória. Houve um avanço na relação de consumo e no sistema capitalista brasileiro que, como no mundo desenvolvido, considera cartão como dinheiro. Aliás, a realidade de nosso Pais evidencia o grande risco do cidadão sair à rua com dinheiro no bolso, o que não isenta ainda os assaltos aos cartões de crédito. Certamente, o fim da cobrança discriminatória estimulou a economia no mercado de consumo. Agora, esse "novo" Projeto vem retroagir na contramão do progresso econômico, ilusoriamente tentando beneficiar aos comerciantes com o retorno da cobrança.
Quem sairá mais beneficiado nessa volta ao pagamento diferenciado entre o dinheiro "vivo" e o dinheiro plastificado ? Será o comerciante que usando do seu livre arbítrio, preocupado em garantir sua clientela, não fará diferença em como o freguês pagará ou aquele que acrescentará dez ou mais por centos no valor total da conta ?
Com licença mas, como cidadão, isso é uma política do caranguejo.
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