quinta-feira, 8 de maio de 2014

ARENA DE SONHOS

               
                    No pais do futebol, continua sendo um sonho da garotada a conquista de uma vaga em um clube, onde o talento possa ser reconhecido com retorno financeiro. Ganhar bem profissionalmente, através da arte, nunca foi comum na terra dos artistas. É preciso muita perseverança e, acima de tudo, contar com a palavra dos agentes empresariais, cada vez mais ariscos. 
                     O futebol, esporte preferido do brasileiro, esbanja craques em nosso pais. O que mais se vê na atualidade são escolinhas espalhadas pelos quadrantes das grandes cidades. Há público para isso. 
                      O sonho da garotada faz com que o esporte seja incentivado. No entanto, os clubes navegam  num mar de desinteresse em selecionar os melhores jogadores que surgem nas escolinhas, que deveriam servir objetivamente à criança, evitando frustrações. Muitos talentos são dispensados e se perdem na rua da amargura. 
                  Por outro lado, as frustrações ocorrem a partir dos lamentáveis exemplos que os grandes clubes apresentam, como falências quase decretadas, diante da falta de recursos para a própria manutenção, apesar de desfrutarem de gordas arrecadações em todos os campeonatos. 
              No clima da Copa do Mundo tudo é esquecido para que o brasileiro viva a euforia do campeonato mundial, ainda mais sendo em casa. Com frustrações ou não, aqueles que sonharam um dia ser um Pelé, um Garrincha, um Zico, um Romário, um Ronaldinho ou um Neymar Jr, passando por uma escolinha de futebol, hoje se unem à torcida na esperança do título de hexacampeão. 
                     A cada quatro anos a Copa do Mundo busca confraternizar os povos do planeta, através do espírito reinante da competição saudável. A bola rola no campo, na tentativa de humanizar as raças. Na televisão vimos a grama, utilizada como pasto do gado, que também foi útil na confecção da bola. (O gado comeu a grama e deu a pele para a bola rolar...  na grama. Lavoisier). 
                      No espírito da Copa, a alegria impera quando somos vencedores. Vencemos no gramado e perdemos no asfalto, junto com o descontrole emocional dos torcedores, que se fitam como adversários em território do mesmo time, dominados pelo excesso das comemorações. 
                     Já é difícil admitir torcedores adversos enfrentarem-se como gladiadores, pior ainda quando são integrantes da mesma equipe, no caso a seleção brasileira. 
                       Não cabe julgamento quanto ao fator frustração ou não dos agressores mútuos. Mas, quem sabe, poderão ter sonhado um dia ser um Ronaldinho nos campos das escolinhas de futebol. Sem sucesso, preferiram seguir os piores exemplos, fora de campo, dos jogadores agressivos, dignos representantes dos gladiadores na Arena de Sonhos onde, entre milhões, apenas alguns sobrevivem. 

(Do livro Meu Tempo Nosso Tempo)
                   

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