Hoje levantei, após um maravilhoso sono. Tive a sensação de que o mundo havia mudado, pois, durante a noite, a Lua refletia sua luz imensa na minha janela, e interrompia meu sonho de menino docemente adormecido. O satélite brilhava tanto que eu nem distinguia - se dormia, ou se sonhava, ou, então, se estava acordado com os olhos fechados. A luz da Lua prateava por inteiro o meu quarto sem luz. Eu via nitidamente uma charrete desfilando pelo espaço sideral, e, em vez do cavalo de São Jorge, pousou na Lua para acabar com a briga feroz entre o dragão e o santo, um velho, gordo, de barba longa.
Por um breve momento, fiquei interrogativo. Mas, em meio àquela cenografia magnífica, pus-me envolvente no cenário que inexplicavelmente me surgiu. Corri mais para perto da Lua com a intenção de espionar, e tirar minhas conclusões. Naquele instante, uma batalha era travada entre São Jorge (o santo popular) e o dragão enfurecido, que soltava enormes labaredas pelas ventas e sua bocarra. O choque dos dois parecia o desmoronamento do satélite. Durante o combate, um abalo sinistro sacudia a Lua, coitada, indefesa. O duelo deslumbrava um colorido esplendoroso, com o contraste das cores do uniforme do guerreiro e do esverdeado da fera. Por fim, a luta continuava...
E lá vinha a charrete deslizando pela Galáxia, puxada por animais da Terra (Da Terra ? Mas, o que fazia no espaço?). Eu só via que o veículo alegre e descontraído trafegava suavemente pela via flutuante, sem deixar vestígio, sem manchas. Comecei a notar outros detalhes naquela imagem nova. Vi que o gordo ancião, de barba comprida, portava uma grande sacola. A sacola ocupava todas as dimensões da charrete, também, exuberante no fantástico clorovita. Era, realmente, muito incrível, porém, bela e repousante aos olhos.
A importância da nave, com um cocheiro mais simpático de todos, aparece logo que o amigo velhote aproxima-se da Lua. Ele chega sem interesses exploratórios, dirigindo-se ao centro da batalha do dragão com São Jorge. Sem que fosse preciso dizer nada, os combatentes param perplexos, tão logo escutam o sino da charrete anunciando sua chegada... Olham um ao outro, e ouvem a voz que diz: - Ei, amigos! Acabem com isso. Cá estou em nome da Paz. Trago brinquedos para todas as idades. Entre eles, trégua e esperança. Vocês não sabem?! Hoje, é Natal. Daqui, rumo para a Terra, levando toda a Paz do Universo. Portanto, aparoveitem enquanto ainda tenho aqui comigo para dar a vocês. Feliz Natal!!!
(Crônica do livro Meu Tempo Nosso Tempo)
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