segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

TAMBORES E SURDOS

Lá na floresta longinqua do Congo e, em toda região africana, onde as civilizações são diferentes da nossa, por serem primitivas, o meio de comunicação comum é destinado àqueles de bons ouvidos. Os tambores soam com suas mensagens para aproximar as tribos, nas quais a inteligência apresenta peculiaridades aliadas à natureza que permite o entendimento e a decifração da mensagem. Indiretamente, por meio de códigos, o receptor decifra a mensagem, após ouvi-la e interpretá-la nos padrões e convenções da primitividade.
Os tamborres não são para os surdos.
A civilização que vivemos nos apresenta outro grau de comunicação. Grau elevado, que ramifica-se em vários setores condutores das mensagens. Temos os tambores mais sofisticados para se comunicarem com os mais variados ouvidos. No entanto, apesar da técnica apurada em nossa comunicação, nossos tambores não são capazes de transmitir as mensagens comuns. Isto porque, com toda inteligência de nossa civilização, a surdez impede que a mensagem seja receptada.
Nossos tambores, representados pelos jornais, revistas, rádio, televisão e internet, por mais que ecoam suas mensagens, não conseguem vencer a barreira da surdez.
As notícias que se repetem ao longo dos anos, tais como "desemprego aumenta o índice", "salário é motivo de greve", "miséria aumenta na população", entre outras, são transmitidas pelos tambores da acivilização distante dos primitivos. Porém, na primitividade, os tambores comunicam, mas, na modernidade, a racionalidade, peculiaridade do não-primitivo, intercepta a mensagem e ouve como mercador.
Temos, então, modernos meiois de comunicação. Todavia, os tambores não são para surdos.