sábado, 28 de maio de 2016

ASSALTO BUROCRÁTICO NA COVA DOS LEÕES

                 Como reagir diante de um assalto, ainda é uma incógnita. Os especialistas em segurança pública revelam algumas medidas de autoproteção a fim de que sua vida não seja roubada pelo ladrão. Mas os ladrões também se especializaram e se ramificaram. Há assaltantes de todos os níveis, de primeira, de segunda, de terceira, de quarta e tantas mais categorias. Se os do lado de lá não sabem o que fazer, como o cidadão comum saberá, envolvido num cotidiano estressante, cheio de armadilhas burocráticas capaz de atordoá-lo sem chances de recuperar-se ? A violência burocrática moderna às vezes é mais agressiva do que um simples assalto... 
                    Papéis também matam e possibilitam assaltos. 
                  Enquanto a sociedade paga tributos para sustentação dos governos, o que tornou-se mais rotineiro é ouvir de governantes que "falta verba" para isso, "falta verba" para aquilo, e assim por diante. Por outro lado, os cofres públicos abastecidos pela arrecadação tributária, paga através do esvaziamento dos bolsos dos cidadãos, sofrem arrombamentos por ladrões de alta categoria. Esses assaltantes não precisam apontar uma arma para roubar porque os cargos que ocupam lhes delegam plenos poderes de confiança, garantida pela instituição burocrática. 
                    A falta de verbas para a Educação, para a Saúde e, principalmente, para a Segurança, está revelada nos assaltos aos cofres públicos por "cidadãos acima de qualquer suspeita". O nível de consciência de representação moderna expressa é de que, quanto maior o cargo, maior é o rombo no cofre. 
              Diante da realidade cruel do poderoso assaltante, aqueles que não tem poder algum, inclusive aquisitivo para comer, usa e abusa da fragilidade da sociedade para armar-se e tomar o que não lhe pertence, num clima de salve-se quem puder.  
                    Será que Deus é brasileiro ?! Não será abusar da própria esperança, esperar que tudo seja resolvido por ele ?!
                     Até quando estaremos nos degladiando em combates "fraternais" pelo estigma da sobrevivência. Os mais altos assaltantes, detentores dos poderes burocráticos, eliminam também a possibilidade dos excluídos socialmente alimentarem expectativa de vida numa arena onde os leões devoram suas presas totalmente indefesas, desarmadas. Nem mesmo as hienas sobrevivem a tamanho ataque dos leões, enfurecidos e famintos. 

sexta-feira, 13 de maio de 2016

HOMEM DE BIGODE

              Quem teve a oportunidade de ter um avô e o prazer de ouvir dele o valor moral do bigode, certamente deve lembrar da história desta palavra. Deve ter aprendido com o velhinho a razão pela qual os homens usavam bigodes para justificar a honradez. Ter bigode não era uma simples e natural aparência de masculinidade. O bigode simbolizava caráter físico e moral. No entanto, é evidente que estamos nos reportando a uma geração passada, até ultrapassada, na qual o bigode era uma "hipoteca da palavra". Bastava o jovem vovô prometer e selar com um fio do seu bigode a promessa e o crédito era estabelecido. Ninguém colocava em dúvida as negociações seladas com um fio de bigode.
         Bons tempos aqueles, em que os homens chamados de bem (os bons) se olhavam e se respeitavam com dignidade e se firmavam com a simples palavra.
               A transformação do bigode levou homens a assinarem compromissos por escrito. A escrita solidificou a palavra e a assinatura substituiu o fio de bigode. Mesmo assim, quantos documentos são assinados sem que o seu conteúdo seja levado em conta. 
             O bigode, no entanto, não é mais aquele da história do vovô do século XX e nem considerado pelos que assinam acordos. Tivemos muitos bigodes elaborando constituições que não são respeitadas em seus aspectos legais pelos próprios bigodudos responsáveis pela sua elaboração. Temos vários bigodes assinando acordos com a sociedade sem, entretanto, por a palavra escrita em ação. 
              Seria querer demais considerar nos dias de hoje a palavra, pura e simplesmente, como o único aval de qualquer pessoa.  A verificar pelo crescimento populacional nas cidades e pela crescente mudança dos valores, o plano da desconfiança permite até a rejeição de firmas reconhecidas, porque não se sabe se são falsas ou verdadeiras. Cabe então dar razão ao vovô, que lamenta a falta de homem de bigode. 
             (Do livro "Meu Tempo Nosso Tempo")

quinta-feira, 5 de maio de 2016

"CONSCIÊNCIA POÉTICA"

           O novo livro pode ser encontrado no site www.cbe.com.br, Clube Brasileiro de Escritores, através de sua livraria virtual. "Consciência Poética" faz parte da Coleção "Pão e Poesia" do CBE de 2016 e reúne poemas de uma vida.  
               Através do site, os amigos poderão conhecer e adquirir esse livro.