sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

VIU NA INTERNET

                    Um aluno, em sala de aula, navegava sem parar para prestar atenção aos conhecimentos transmitidos pelos professores. Unido a um grupo de internautas fazia-se presente na classe apenas fisicamente. Para esse grupo os professores não existiam.
                    Em uma aula de matemática, cujo assunto era "regra de três", um membro do grupo de internautas disse a professora que já sabia a matéria porque "viu na internet". Ele já dominava o conteúdo. Na aula de português, a mesma coisa. O aluno "viu na internet" o assunto abordado na aula, que era Oração Subordinada. E respondeu:
                   - Que subordinada que nada, professora, eu sou  insubordinado mesmo ! Minha mãe que me aguente !
                   Nas aulas seguintes, de história, geografia, filosofia, sociologia e até mesmo física e química, aquele aluno "viu tudo na internet". Ao chegar na turma, exibia seus conhecimentos teóricos adquiridos pela navegação rápida, vapt-vupt.
                   Foi então que os professores, após um debatido conselho de classe (bate pra lá, debate pra cá), decidiram questionar  os alunos daquele grupo sobre suas presenças nas aulas.
                  - O que vocês internautas vem fazer no colégio ?
                  Todos deram a mesma resposta, de que estavam ali para se divertirem e ridicularizarem os professores, vítimas de um ensino do "cuspe e gis".
                   Os professores, também, decidiram formar um grupo de heróis combatentes e elaboraram uma prova específica para avaliar o conteúdo daqueles alunos tão tecnologicamente informados.
                   Na prova de cada disciplina demonstraram saber superficialmente um pouco de tudo. Todavia, não dominavam conhecimento de nada, porque a dificuldade era evidente na expressão escrita. E a ansiedade impossibilitava a concentração em qualquer assunto que exigisse equilíbrio emocional para dar lugar a razão. Como raciocinar sob o domínio da ansiedade ?!
                  (Interessante é lembrar que na evolução humana, primeiro o Homem se expressou pela linguagem da imagem através dos desenhos, depois Evoluiu para a escrita)...
                   Saber tudo simultaneamente, sem o domínio de nenhum conhecimento, foi a conclusão dos professores que preferiram deixar a nota em branco...
                    Por outro lado, os professores decidiram explorar a tecnologia com sabedoria. Experimentaram a liberdade de escolha de temas a serem pesquisados na internet, em cada disciplina, oferecendo aos alunos a oportunidade de se focarem em um assunto, e ir fundo na pesquisa. Aqueles acostumados a navegar a deriva, vitimados pela falta de uma bússola, se ferraram. Já os que apresentavam um pouco de controle sobre a ansiedade, autodomínio emocional, demonstraram objetividade e determinação na pesquisa. Ou seja, a bússola que os orientou na internet foi o exercício da leitura no ensino fundamental, que garantiu a esses estudantes um poder de concentração. Concentrando-se é possível focar um objetivo a ser alcançado.
                     O mais importante nessa experiência, fora das estatísticas oficiais, foi a exposição da pesquisa na classe, observando os professores que alguns alunos deram aula sem utilizar a leitura do trabalho. Apenas explicaram de forma surpreendente o assunto pesquisado na internet, como prova de que obtiveram e dominaram um conhecimento. Visitaram bibliotecas e leram tudo sobre o que estavam pesquisando.
                     Navegaram com precisão, quando "navegar é preciso..."